"Jamais nomearia um conselheiro do TCE", diz Robinson
Tribuna do Norte
Alberto Leandro
Vice-governador Robinson FariaA leitura das pessoas que viam um vice-governador romper com um Governo que ele ajudou a eleger fez com que nascesse de forma espontânea essa leitura de que o nome que poderá ser o candidato na eleição é o meu. Mas são suposições e eu não estou neste momento com nenhuma decisão tomada e não vou chegar em nenhuma entrevista falando que pretendo ou vou ser candidato a governador. Até porque não depende da minha vontade. O povo escolhe os candidatos e é tão sábio que depois escolhe o eleito.A leitura das pessoas que viam um vice-governador romper com um Governo que ele ajudou a eleger fez com que nascesse de forma espontânea essa leitura de que o nome que poderá ser o candidato na eleição é o meu. A leitura das pessoas que viam um vice-governador romper com um Governo que ele ajudou a eleger fez com que nascesse de forma espontânea essa leitura de que o nome que poderá ser o candidato na eleição é o meu. Mas são suposições e eu não estou neste momento com nenhuma decisão.
Como é que o senhor está acompanhando a estruturação do PSD. O partido teve um crescimento expressivo nacionalmente num primeiro momento e depois uma serie de questões levantadas, inclusive há essa discussão se vai ter tempo de televisão ou não vai ter. Qual o rumo que o partido pretende tomar a partir de agora?
Eu estou otimista com relação ao PSD. Eu tive uma reunião com Kassab que revelou também uma posição baseada no advogado do partido, que foi o mesmo que ajudou na criação do partido. Ele acha que nós vamos conseguir o êxito no fundo partidário e no tempo de partido. Até porque seria uma injustiça, uma legenda com 55 deputados federais não ter o mesmo tratamento dos demais. A democracia pressupõe q qualquer partido que se crie tenha o mesmo direito. Porque ele é um partido novo, mas expressivo, terceira bancada do Congresso não ter o mesmo direito dos demais? Então isso não é uma lógica jurídica, mas é uma lógica política. Com relação ao Estado o partido se apresenta em 130 municípios aproximadamente. É lógico que nós não vamos ter prefeitos candidatos em todos eles, mas vamos ter com certeza ou prefeito ou a vice-prefeitos ou a vereadores. Nós atualmente temos 232 vereadores com mandato filiados ao PSD. Eu não conheço a estatística dos demais partidos, mas a nossa expectativa é de que vamos disputar a eleição com aproximadamente 55 candidatos na cabeça de chapa no PSD, mas é muito bom lembrar que muitas lideranças poolíticas ligadas a mim tradicionalmente não vieram para o PSD por conta do momento de demora de criação do partido, mas que são pessoas que me acompanham politicamente a 25 anos. Essas pessoas são 100% ligadas ao meu grupo, a única coisa que não vai aparecer é na estatística como sendo do PSD.
Em 2012 então o senhor se preparada para projetos em 2014.
Sempre é assim. Ano de eleição municipal é uma prévia para a estadual. É lóigico que não é uma certeza. As vezes você se sai bem na municipal e na estadual muda. Nós temos vários momentos que isso aconteceu. Não deixa de ser teoricamente um bom indicador para você sinaliza bem para a caminhada posterior. O que eu acho interessante hoje no PSD do RN, apesar de ter sido muito resumido por conta da atuação do Governo nos bastidores para as pessoas não se filiarem ao PSD - hoje um trabalho muito forte do Governo de convidar os candidatos a não se filiarem - é que o partido tem uma capilaridade muito interessante. Então apesar de todas as adversidades, como a demora em Brasília e o boicote do Governo, eu acho que o PSD vai ser maior que o PMN foi no passado.
Quais seriam os projetos que estão sendo preparados em 2012 para desaguar em 2014?
O projeto do PSD é ele ser um partido já com uma sigla que tenha uma capilaridade em todas as regiões e isso já está confirmado, que eleja representantes nessas regiões e que tenha um discurso como nós estamos adotando crítico, mas não radical. Nós temos um discurso novo e uma postura de uma parceria com a sociedade diferente de um que já está comprometido com o que o Governo ordenar. É isso que eu escuto das pessoas que vem para o PSD, alguns até corajosas, não se deixaram levar por pressões e vieram em busca de ter um diálogo muito mais independente, de modernidade com a população. O PSD poderá ser decisivo em varias cidades, ou elegendo prefeitos ou apoiando. O PSD hoje tem a mim, a Fábio [Faria, deputado federal], a José Dias [deputado estadual] e Gesane Marinho [deputada estadual] e é um partido que ficou muito prejudicado perante o grupo que tinha se formado antes, mas independente dos deputdos nas bases dos municípios o partido ficou simpático e leve. E isso eu acho muito importante. Eu criei o PMN, era presidente da Assembleia Legislativa, aliado da então goevrnadora Wilma de Faria e confesso que o PMN não soava natural como aconteceu com o PSD na receptividade dos municípios.
Em Mossoró já se sabe que o PSD vai apoiar a candidatura a prefeita da deputada Larissa Rosado. E como ficará na capital?
Em Natal eu fiz uma proposta pelo rádio e não foi apenas um discurso para tentar ser o articulador da oposição, embora eu não tenha essa pretensão, quero deixar claro que eu sou um colaborador. Mas eu propus que a oposição se unifique já no primeiro turno. Eu conversei sobre isso com Mineiro [Fernando Mineiro, pré-candidato do PT], de quem eu sou amigo particular e a quem eu considero um parlamentar talentoso, conversei com a ex-governadora Wilma de Faria [pré-candidata do PSB] e com Carlos Eduardo [pré-candidato do PDT] e o deputado Agnelo Alves várias vezes. A minha ideia era unificar esses três já no primeiro turno, mas hoje eu acho que está um pouco difícil. Mas o diálogo continua aberto. Com isso aí a oposição ficaria muito fortalecida, já que em Natal nós temos Wilma e Carlos Eduardo despontando como os favoritos. Isso iria fortalecer também a semente da oposição para 2014.
O senhor defenderia um nome para esse grupo como cabeça de chapa?
Eu acho que o nome deverira nascer desse diálogo de quem pretende disputar agora ou aguardar 2014. o desprendimento de cada um. Wilma, por exemplo, tem um sonho - admitamos - de disputar 2014. Eu não estou falando por ela, isso aqui é uma opinião minha. Então ela poderia, admitamos, apoiar Carlos Eduardo e se poupar para 2014. Eu notei Carlos Eduardo mais motivado agora para a eleição municipal. Agora ele é o primeiro na pesquisa, então é natural.
O senhor sentiu ser essa a candidatura mais motivada da oposição?
Sim, Carlos. Muito embora Wilma tem dialogado com ele ultimamente, mas a militância de Wilma cobra dela a candidatura. Então a gente tem que respeitar porque todo líder de um partido tem que ter também um pouco de desprendimento para ter a percepção e traduzir o sentimento de seus liderados.
Na hipótese de não haver esse entendimento qual seria a tendência do PSD?
Eu disse a Wilma e disse a Carlos, após conversar com Fábio e a José dias, que nós vamos aguardar um pouco mais para tomar uma posição em Natal. Não é querendo fazer um jogo de valorização, até porque ninguém anunciou o apoio em Natal, não se sabe as coligações, então não tem por que o PSD ser o primeiro partido a anunciar. Estamos também aguardando a confirmação ou não do tempo de TV do PSD que será muito importante também para nossa conversa. Na hora que nós tivermos conversando a parceria o PSD com um bom tempo de TV será muito importante. Mas queremos que isso aconteça até o final do mês de maio.
Nessa circunstância toda, o senhor acha que seu nome desponta hoje como o que tem mais perspectiva para disputar o Governo como candidato da oposição em 2014?
Se eu disser que me perguntam isso vão dizer que eu estou me lançando governador. Eu quero deixar bem claro, e que esse exercício não seja traduzido como se eu tivesse vindo aqui na TRIBUNA DO NORTE, me lançar candidato a governador. Com o rompimento com Rosalba da forma que todos já conhecem houve uma leitura e todos os fatos políticos a população procura traduzir, a psicologia do povo você não pode manipular. Os candidatos majoritários você não pode mais hoje impor. A evolução do processo político está tão forte e o nível de informação é tão instantâneo hoje em dia que todo mundo está bem informado. A leitura das pessoas que viam um vice-governador romper com um Governo que ele ajudou a eleger fez com que nascesse de forma espontânea essa leitura de que o nome que poderá ser o candidato na eleição é o meu. Mas são suposições e eu não estou neste momento com nenhuma decisão tomada e não vou chegar em nenhuma entrevista falando que pretendo ou vou ser candidato a governador. Até porque não depende da minha vontade. O povo escolhe os candidatos e é tão sábio que depois escolhe o eleito.
Mas o senhor tem essa determinação no momento?
Eu não posso esconder e eu tentei ser em 2010. Cheguei a ser o segundo colocado na pesquisa, houve um equívoco que Rosalba era quase a governadora de férias, mas ninguém parou para pensar que no Rio Grande do Norte é um bolo político e ela estava sozinha. Do lado de Wilma tinham quatro candidatos, que tinham uma boa participação na história da política do RN. Então Rosalba era a favorita porque estava sozinha naquele momento. Do lado do governo eu fui o mais colocado em todas as pequisas. E originou meu rompimento com o Governo o fato de não ter o critério justo para a escolha do candidato. Eu pedi a Wilma para chamar os quatro candidatos [Iberê Ferreira, João Maia e Carlos Eduardo] e o que fosse mais bem colocado na pesquisa seria o candidato do sistema. Eu propus isso a ela. Ela me disse que não aceitaria porque não poderia deixar de apoiar Iberê. E aí começou o distanciamento, porque eu não achei justo. Ela tinha me autorizado em 2006 a eu me lançar candidato a governador, quando não aceitei ser o vice de Garibaldi (candidato a governador em 2006). Garibaldi me convidou três vezes e eu por lealdade a Wilma fiquei com ela e derrotamos o PMDB. Garibaldi tinha uma posição na pesquisa bem melhor que a de Rosalba em 2010. Então eu plantei essa semente. Eu não sei se essa semente ainda está viva mas eu não posso ser falso com vocês e com a população que vai ler o jornal e dizer que esse sonho morreu. Ele não morreu, ele está vivo, agora não depende de mim.
O senhor se arrepende de ter rompido com o grupo da ex-governadora Wilma em 2010 e se unido ao de Rosalba Ciarlini?
Se eu soubesse do tratamento que eu ia receber desse grupo e da ingratidão que eu encontraria lógico que eu teria todos os motivos para dizer que hoje estou arrependido. Eu fui determinado, na melhor das intenções e com disposição de lealdade à Rosalba e de ajudá-la. Mas eu fui tão incompreendido, e isso foi o que mais doeu em mim. A minha intenção com ela era de ser leal e de ajudá-la na sua caminhada política e administrativa. Por isso eu não entendi tanta incompreensão comigo. Quando eu rompi com o sistema e levei para ela todo o patrimônio que eu tinha. Eu fui deputado mais votado do Estado várias vezes, tinha um capital para governador de 17 pontos de votos consolidados, tinha dezenas de prefeitos e deputados estaduais que acreditavam em mim. Então eu doei tudo isso a ela. O DEM é um partido minúsculo. O ministro Garibaldi, antes da campanha, chegou a dizer que não ficaria com Rosalba se eu continuasse no sistema. Então minha ida para o sistema ainda proporcionou a permanência de Garibaldi e aí nasceu a super aliança. Se eu não tivesse ido ia ficar Rosalba e o PV. Durante a campanha quando começamos a andar em Natal eu e Rosalba de dez casas nove diziam que não iam votar nela por causa de Micarla. Então como teria sido o resultado de uma aliança PV e DEM? Rosalba venceu por conta dessa super aliança. Minha saída por outro lado causou um estrago no grupo de Iberê, quando inclusive vice ele teve dificuldade. Então matematicamente está comprovado que nós consolidamos a vitória dela. Aí você pergunta se eu me arrependi. Eu lá no fundo do coração só posso dar uma resposta: que eu me arrependi.
Como foi o retorno no grupo de Wilma de Faria?
Eu tive uma conversa com Wilma e ela fez uma reflexão que também houve erros por parte do grupo dela. Ela reconheceu que faltou diálogo, mais compreensão da parte dela, ela exercitar mais esse grupo. Iberê eu também acho que cometeu alguns erros quando não dialogou comigo. Eu não sou inimigo de Iberê e nem tenho motivos para isso. Ele apoiou meu filho em todo o Trairí na eleição anterior e cumpriu rigorosamente. Então não havia nada pessoal grave, a animosidade foi de disputa. Não houve nada grave que eu tenha ido para o grupo de Rosalba no desespero. Eu fui porque fui assediado, me senti injustiçado e confiei.
Com a hipótese de uma afastamento temporário da governadora como seria atuação do senhor?
Eu acho uma outra coisa absurda e isso demonstra porque o RN está caminhando para ser uma nau sem rumo. Não tem rumo político e nem administrativo. Infelizmente hoje o Estado é uma nau a deriva no meio do mar. A governadora é do DEM, que é um partido estigmatizado pelo PT da presidente da República, e mesmo com a pecha do DEM ela declina de um convite da presidente para ir a Índia com outros quatro governadores porque não queria passar o Governo para o vice. Existe uma ordem constitucional no Brasil. Eu sou vice-governador, eleito igual a ela. Eu não fui eleito bionicamente. Se ela me convidou para ser vice é porque eu tinha um capital político. Eu fui um vice que somei para ela, então que ela goste de mim eu não eu sou o substituto na ausência dela. É uma ordem constitucional que nem isso ela está tendo a capacidade de ler. Então ela recusou o convite da presidente e por ironia do destino surge uma segunda viagem, mais importante que a primeira, para Washington, onde ela estaria tratando de assuntos com o Banco Mundial, numa reunião presidida por Hillary Clinton, onde estava um colegiado de governadores e o único que não tinha o governador sentado na cadeira era o do RN. Ela não foi por conta dessa mentalidade mesquinha, uma cultura muito atrasada de dizer que não vai para não dar o gosto ao vice-governador. A perseguição a mim é maior que os interesses do RN. E o que eu fiz para merecer isso? O rompimento foi provocado por mim ou por eles?
Mas será que é só a questão de sentar na cadeira da governadoria? Tem um cargo vago no TCE, por exemplo. O senhor nomearia?
Claro que não. Eu sei separar. Eu apenas queria ser respeitado na minha interinidade, não ser desmoralizado porque eu também não ia assumir um Governo assinando um contrato para ficar lá como se fosse um boneco. Lógico que eu jamais iria cometer o oportunismo de dar um golpe nomeado um conselheiro do TCE na minha interinidade. Eu assumo publicamente minha palavra aqui. Não para assumir o Governo, mas porque ela é a titular. Eu não tenho o direito de nomear um conselheiro que é um cargo vitalício, quando a governadora eleita foi Rosalba. É lógico que tem algumas prerrogativas que eu jamais iria usurpar um direito que é dela. Foram dizer que eu ia dar canetadas e fazer medidas populistas, mas não. Eu tenho um nome a zelar. Tudo que eu fizesse eu teria o julgamento da população, dos órgãos de controle, da imprensa, do TCE, eu teria um julgamento popular depois. Eu jamais iria ser oportunista para isso. Eu nunca fui oportunista, se eu fosse teria sido vice-governador de Garibaldi em 2006 e não fui por lealdade a Wilma.
O senhor chegou a ser procurado para ser tratado sobre isso?
Nunca.
O senhor vê possibilidade de reaproximação?
Não vejo. De minha parte não há nenhum motivo para reaproximação. Eu admitiria uma convivência por ser vice-governador porque eu defendo o Estado. Mas eu não sou escutado em nada. O Governo me ignora como se eu não existisse. Eu não sou convidado nem para solenidade. Então eu sou um intruso. Esse Governo começou mal quando quebrou o mais sagrado na política, que é a coerência e a gratidão.
De que forma o senhor tem exercido suas funções de vice-governador após o rompimento?
Procurando fazer o máximo mesmo com os boicotes do Governo. Eu sou o primeiro na linha de sucessão. Eu recebo visitas de sindicatos, servidores, o segmento do turismo esteve aqui semana passada falar comigo. Eu estou à disposição do Governo. Não estou me oferecendo jamais para cumprir nenhuma função executiva do Governo, mas para colaborar eu estou pronto. Eu não renunciei ao cargo porque quem me deu o mandato foi o povo.
O senhor chegou a pensar em renunciar?
De forma alguma. Seria uma covardia muito grande de mim. Porque eu iria punir meu eleitor por vingança à Rosalba? Acho que isso era tudo que eles queriam.
Houve ingratidão por parte da cúpula que está na Assembleia Legislativa?
O presidente da AL, de quem eu continuo amigo até hoje, foi uma pessoa que ajudou muito e participou muito dos dias finais para que não houvesse o rompimento. Ele tentou marcar encontro meu com o marido da governadora algumas vezes. Então eu quero isentar. Ele tentou contornar, mas não havia predisposição para dialogar.
Com relação a disputar o Senado, deputado federal ou estadual. Dessas possibilidades quais o senhor considera possível para 2014?
Eu não posso responder, nem Rosalba pode dizer porque pode ser que ela própria chegue em 2014 e esteja inviabilizada ou desmotivada. Então se ela está no Governo não pode responder imagine eu que sou um vice-governador enquartelado pelo poder dominante. Agora eu vou caminhar, fazer com que meu partido cresça, não vou me omitir de opinar o que acho certo ou errado.
Se o senhor fosse escolher uma prioridade para o RN ou um projeto ou obra estruturante, qual o senhor elegeria?
Primeiro é preciso enfrentar o problema da Saúde, já que os últimos acontecimentos mostraram ser uma das áreas das quais é necessária uma intervenção urgente. Da mesma forma é preciso um olhar especial para outras áreas nas quais o Governo não pode se omitir como Educação, Segurança Pública e estímulo ao desenvolvimento. Seria necessário também uma reestruturação da própria administração para que a partir daí se possa pensar em obras estruturantes. Enfrentados esses desafios uma das prioridades que eu consideraria seria a construção de um Porto porque o desemprego está aumento no RN porque não temos um Porto. Nós estamos perdendo todas as exportações - o RN teve uma queda - então eu acho que uma PP de um Porto privado seria fundamental. A segunda seria uma obra humana, que não está acontecendo. Você fazer um Governo com preocupação para atender quem não está sendo atendido. Uma obra de valorização social, o Governo com o foco para atender os últimos que estão esquecidos no RN.
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