elza fiúza / abrDilma Rousseff definiu os espaços dos petistas e aliados no primeiro escalão do novo governoDilma Rousseff definiu os espaços dos petistas e aliados no primeiro escalão do novo governo
O PMDB do vice eleito, Michel Temer, continuou com seis assentos no primeiro escalão, embora o ministro da Defesa, Nelson Jobim - filiado ao partido - seja carimbado como “cota pessoal" de Dilma e Lula. Antes mesmo da posse, em 1º de janeiro, uma das indicações já provoca constrangimento. O futuro ministro do Turismo, Pedro Novais, pediu à Câmara dos Deputados ressarcimento de R$ 2.156, gastos em um motel de São Luís (MA), conforme reportagem publicada ontem pelo jornal O Estado de S Paulo. Novais é afilhado político do presidente do Senado, José Sarney (PMDB-MA).
Apesar do número de cadeiras, o PMDB perdeu “substância" na Esplanada, na visão do líder do partido, Henrique Eduardo Alves (RN). “Perdemos pastas como Comunicações e Saúde, que foram para o PT. Mas sabemos que, na montagem do governo, nunca se chega ao ideal", disse o deputado.
O PSB do governador de Pernambuco, Eduardo Campos, queria aumentar o seu espaço no governo, mas acabou levando dois ministérios: Integração Nacional e Secretaria dos Portos. A bancada do partido na Câmara esperneou, mas não houve jeito. Ao menos por enquanto, Dilma também desistiu de criar um ministério exclusivo para cuidar de portos e aeroportos. O Ministério da Micro e Pequena Empresa, outra promessa de campanha, foi outro que ficou para depois.
Embora a presidenta eleita tenha assegurado que não admitiria homem forte na equipe, está claro que o futuro chefe da Casa Civil, Antonio Palocci, assumirá esse papel. Foi Palocci, por exemplo, que sondou todos os convidados para a equipe, antes de Dilma, apartou brigas e atuou como bombeiro para apagar incêndios políticos, principalmente no PT e no PMDB.
Vaivém
A escalação da equipe também produziu a categoria dos ministros que foram sem nunca ter sido. Estão nessa lista o secretário fluminense Sérgio Cortês, que era para ser e não foi ministro da Saúde; o senador eleito, Eduardo Braga (PMDB-AM), que chegou a ser confirmado por integrantes da equipe de transição como ministro da Previdência, mas acabou não indo, e o deputado Ciro Gomes (PSB-CE), cotado para retornar à Integração ou assumir Portos e Aeroportos.
Na seara do PT, a corrente Democracia Socialista bateu o pé, deu cotoveladas e conseguiu com que Dilma desistisse de levar Maria Lúcia Falcon para o Desenvolvimento Agrário. No lugar de Falcon, a presidenta eleita nomeou o deputado eleito Afonso Florence (PT-BA), apadrinhado pelo governador Jaques Wagner. Na contabilidade do mosaico petista, porém, a tendência Construindo um Novo Brasil (CNB), de Lula e do ex-ministro José Dirceu, levou vantagem.
Mesmo com a disposição de reforçar a cota feminina na Esplanada, a presidenta eleita encontrou dificuldades para montar esse time e escalou nove mulheres.
“Dilma vai governar com um ministério recauchutado e dá para ver a sombra do Lula. O máximo que ela conseguiu foi um remendo aqui, outro ali", avaliou o cientista político Octaciano Nogueira, da Universidade de Brasília (UNB).
Cauteloso, o deputado André Vargas (PR), secretário de Comunicação do PT, disse que a equipe reflete as escolhas de Dilma e citou como exemplo a indicação do colega José Eduardo Cardozo (SP) para a Justiça. “O Ministério tem a cara da Dilma, mas, se não tivesse a marca da continuidade, seria um estelionato eleitoral contra o povo, que votou pela continuidade", insistiu Vargas.
ministros
Veja abaixo a lista completa com os nomes indicados para o ministério de Dilma Rousseff:
PT
- Alexandre Padilha (PT) - Ministério da Saúde
- Fernando Pimentel (PT) - Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior
- Fernando Haddad (PT) - Educação
- Aloízio Mercadante (PT) - Ciência e Tecnologia
- Ideli Salvatti (PT-SC) - Ministério da Pesca
- Maria do Rosário (PT-RS) - Secretaria de Direitos Humanos
- Paulo Bernardo (PT-PR) - Ministério das Comunicações
- Antônio Palocci (PT-SP) - Casa Civil da Presidência
- Gilberto Carvalho (PT-SP) - Secretaria-Geral da Presidência
- José Eduardo Cardozo (PT-SP) - Ministério da Justiça
- Guido Mantega (PT-SP) - Ministério da Fazenda
- Miriam Belchior (PT-SP) - Ministério do Planejamento
- Luíza Helena de Bairros (PT) - Secretaria Especial de Promoção da Igualdade Racial
- Tereza Campello (PT) - Ministério do Desenvolvimento Social
- Luiz Sérgio (PT-RJ) - Secretaria de Relações Institucionais
- Afonso Bandeira Florence (PT-BA) - Desenvolvimento Agrário
- Iriny Lopes (PT-ES) - Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres
PMDB
- Nelson Jobim (PMDB) - Ministério da Defesa
- Edison Lobão (PMDB-MA) - Ministério das Minas e Energia
- Wagner Rossi (PMDB-SP) - Ministério da Agricultura
- Pedro Novais (PMDB-MA) - Ministério do Turismo
- Garibaldi Alves (PMDB-RN) - Ministério da Previdência
- Moreira Franco (PMDB-RJ) - Secretaria de Assuntos Estratégicos
PSB
- Fernando Bezerra Coelho (PSB-PE) - Integração Nacional
- Leônidas Cristino (PSB) - Secretaria Especial de Portos
PDT
- Carlos Lupi (PDT) - Trabalho
PR
- Alfredo Nascimento (PR-AM) - Ministério dos Transportes
PP
- Mário Negromonte (PP) - Ministério das Cidades
PC do B
- Orlando Silva Jr. (PC do B) - Ministério dos Esportes
Sem partido
- Izabella Teixeira - Meio Ambiente
- Ana de Hollanda - Ministério da Cultura
- Helena Chagas - Secretaria de Comunicação Social
- Alexandre Tombini - presidência do Banco Central
- Luís Inácio de Lucena Adams - Advocacia Geral da União (AGU)
- Antônio Patriota - Relações Exteriores
- General José Elito Carvalho - Gabinete de Segurança Institucional
- Jorge Hage - Controladoria-Geral da União (CGU)