sábado, 22 de outubro de 2011

Desgaste progressivo

O relacionamento político entre a governadora Rosalba Ciarlini (DEM) e o vice-governador Robinson Faria (PSD) foi se deteriorando ao longo dos últimos meses. Um dos episódios mais graves foi o fato de a Secretaria de Recursos Hídricos não ser contemplada no projeto do empréstimo de US$ 540 milhões que o governo vai contrair junto ao Banco Internacional para Reconstrução e Desenvolvimento (Bird). A ausência da Secretaria que ele comandava, da lista de órgão que vão receber os recursos, deixou Robinson insatisfeito.

Reação dos aliados

Os deputados estaduais que são politicamente ligados a Robinson Faria reagiram na Assembleia Legislativa com a defesa de mudanças no projeto de lei do empréstimo. Os políticos que formam o núcleo central do governo, principalmente o ex-deputado Carlos Augusto Rosado, acharam que os aliados adotaram uma postura inadequada. Ficou a mágoa. Mas ainda não era uma situação insustentável.

Implicações do PSD

Nas articulações para formação do PSD no Rio Grande do Norte surgiram novas zonas de atrito entre Rosalba Ciarlini e Robinson Faria. O vice-governador tentou fortalecer a legenda que ele passou a presidir no Estado. Pretendia conquistar a adesão de pelo menos seis deputados estaduais, entre os quais o presidente da Assembleia Legislativa, Ricardo Motta. Mas o governo articulou e evitou que o PSD ficasse fortalecido. Dos quatro deputados estaduais que iriam para a nova legenda, apenas dois - Gesane Marinho e José Dias - confirmaram a nova opção partidária.

Críticas contundentes

Diante deste cenário político conturbado, coube ao senador José Agripino, que é presidente nacional do DEM, partido da governadora, conceder uma entrevista à TRIBUNA DO NORTE na qual fez duras críticas ao vice-governador. Disse, na ocasião, que Robinson Faria tentou tutelar o governo e articulou um projeto de poder pessoal que não deu certo.

O todo-poderoso

O ex-deputado Carlos Augusto Rosado, marido da governadora, desempenhou um papel central no enredo que culminou com o anúncio, ontem, do rompimento de Robinson Faria. A influência - tanto administrativa, quanto política -, que Carlos Augusto exerce, era algo que se comentava nos bastidores, mas neste episódio do conflito com Robinson ficou patente e ainda mais nítida. A demora na nomeação para Robinson voltar ao cargo de secretário teria sido pensada por Carlos Augusto. O vice-governador revelou ontem que, em três oportunidades, o ex-secretário Paulo de Tarso procurou a governadora para tratar da nomeação de Robinson e ela teria dito: "Fale com Carlos Augusto".

Interinidade

Mesmo com essa situação de relacionamentos conturbados, a governadora Rosalba Ciarlini se ausentou por dez dias do RN para uma viagem aos Estados Unidos. Na interinidade, Robinson Faria assinou proposta de emenda constitucional, sancionou leis - entre as quais a do empréstimo de US$ 540 milhões - e visitou obras. A programação, uma verdadeira "agenda positiva", não foi bem digerida pelo núcleo central do governo. Mais uma vez o ex-deputado Carlos Augusto Rosado considerou que o vice-governador se excedeu.

Demora na nomeação

A gota d´água no desgaste de Robinson Faria com o governo foi a demora no retorno dele para a Secretaria de Recursos Hídricos. Robinson Faria deixou o cargo de secretário para assumir o de governador, no período em que Rosalba Ciarlini viajou aos Estados Unidos. Ela retornou na última segunda-feira, mas ao longo da semana, Robinson não foi nomeado para a Secretaria.

Corte nas indenizações

A Comissão de Anistia do Governo Federal revisou as indenizações concedidas a 129 trabalhadores demitidos durante a ditadura militar e reduziu valores, pagos desde a década de 90 que, em alguns casos, passavam de R$ 30 mil mensais. As pensões e aposentadorias especiais haviam sido concedidas pelos Ministérios do Trabalho, Comunicações e Minas e Energia antes da formação da Comissão da Anistia e alcançavam R$ 2,2 milhões por mês. Agora, o valor será de apenas R$ 297 mil.


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