O sertão das longas estradas da vida do homem que longe de viver dignamente, sofre com a seca, com a falta de apoio governamental, com a economia perversa, com as doenças incuráveis ou não, com a falta de pão para sobreviver, com a ausência de oportunidades. Vegeta numa escalada de tempo que só a esperança acalenta no desalento da vida rudimentar no sertão árido do nordeste brasileiro.
Não se conhece o governo, não vê o prefeito, o Presidente não sabe, energia elétrica não tem, a bonança não viu, o sossego é dormir cedo, acordar cedo, sentir fome, esperar o bonde, sentir sede, beber e consolar o estômago, sair a pé, olhar os ônibus, nas estradas barrocadas, maltrapilho, sujo imundo, o trabalho me parece absurdo, se o sujeito não for vagabundo é servir aos mais posudo com carvão da gruta funda que se faz por este mundo.
Longe da vila, da cidade e da justiça, sofrido, analfabeto, e num lugar esquisito, animais só selvagem e cabrito, onde não se escuta um gemido, mas de longe um toque do bumbo.
Viajar, lazer, ler e escrever, só no sono profundo, nas noites mal ensaiadas, a riqueza não chega, só ouve falar, esperteza não tem, o suo é a vida, o que sobra é o tombo, parece quilombo esquecidos do mapa vivendo com fome. Essa é a vida do homem que quase sem nome, quase que some, nas proezas do mato que só a natureza mantém com tristeza, apesar de ser vida, mas tão sussurrada que nessa escalada, até ela é escassa, porque tantas caças já foram caçadas e só resta ao homem a fala e facadas na vida que o futuro escapa. Frutas não há, a chuva que cai, o homem se destoai, na lama às vezes cai, com tanta alegria, que a virgem Maria devota se vai, ao encontro daquele que sempre ensaia, viver no mais belo folguedo, a vontade da mente aguerrida é ter paz, amor e harmonia, neste mundo de fugas, que só o sujeito, com esse segredo consegue agüentar, no sertão semi-árido de nosso nordeste, é um cabra da peste, que investe o suo como única forma de vida por lá.
Autor: Adevaldo da Silva Oliveira
2006
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