quinta-feira, 5 de abril de 2012

Para professores, acordo ortográfico gera confusão

A implantação da reforma ortográfica da língua portuguesa está confusa no Brasil, na avaliação de professores que participaram de audiência pública na Comissão de Educação, Cultura e Esporte (CE).


Vários livros não seguem o Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa (Volp) da Academia Brasileira de Letras (ABL), que, por sua vez, não acompanha o acordo internacional assinado em 1990 pelos membros da Comunidade de Países de Língua Portuguesa, disse Pasquale Cipro Neto.


— A adoção dessa reforma ortográfica foi um desastre. Dinheiro público foi jogado no ralo, porque os livros didáticos contêm muitas imprecisões e confusões — afirmou.


O idealizador do movimento Acordar Melhor, Ernani Pimentel, explicou que o Decreto 6.583/08 diz que o tratado internacional será executado e cumprido como prescrito em seu texto e que qualquer ato de revisão depende da decisão legislativa para produzir efeito. Entretanto, segundo ele, o Volp "desrespeita e altera o texto original" sem consultar o Congresso Nacional.


— O que se está imputando aos brasileiros é uma ilegalidade, uma imposição ditatorialesca — afirmou.


Ambos disseram que a instituição de uma ortografia oficial unificada para a língua portuguesa, com o objetivo explícito de pôr fim à existência de duas normas ortográficas oficiais divergentes, uma no Brasil e outra nos restantes países de língua oficial portuguesa, não está sendo cumprida.


O professor Pimentel citou declarações do secretário de Cultura de Portugal, Francisco José Viegas, em defesa de uma modificação do acordo até 2015, e do presidente do Centro Cultural de Belém (em Lisboa), Graça Moura, proibindo o uso das novas regras.


Um dos problemas básicos do acordo, na avaliação de Pimentel, é seu foro de discussão. Foram ouvidas apenas a ABL e a Academia de Ciências de Lisboa (ACL) "e ambas só têm um filólogo entre seus membros". Ele disse que não foram consultadas instituições como a Academia Brasileira de Filologia, que existe desde 1943, e sugeriu a ampliação do debate para todos os que têm a escrita como instrumento de trabalho, como professores de português, jornalistas, ­linguistas e pedagogos.


A audiência foi requerida por Paulo Bauer (PSDB-SC), Cristovam Buarque (PDT-DF) e Ana Amélia (PP-RS).

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